Ser Autor Home Favoritos Feed


sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

1 - Código do eu enquanto gestor do intelecto

Icon O Código da Inteligência de Augusto CuryEste é um dos 8 códigos da inteligência que Cury considera mais relevantes.

Cury chama códigos às funções da inteligência porque diz que não basta admirá-los nem entendê-los logicamente, mas que é preciso decifrá-los intimamente, desvendar os seus matizes, conhecer os seus segredos, ter disciplina e treinar para os assimilar.

"Quem os assimila, treina e incorpora no seu psiquismo desenvolve as suas potencialidades psíquicas: a arte de pensar, a saúde psíquica, bem como uma mente arguta, empreendedora, aberta, flexível, que vê segundo vários ângulos e dá respostas inteligentes em situações tensas."


Os códigos da inteligência e as Inteligências Múltiplas

Gardner no Inteligências Múltiplas, defende que o conhecimento está interligado através de sistemas de inteligências, localizadas em regiões diferentes do cérebro, mais ou menos desenvolvidas dependendo do individuo e da cultura. Ele realçou a inteligência linguística, a lógica ou matemática, a espacial, a corpóreo-cinestésica, a musical, a interpessoal, e a intrapessoal.

Cury diz que estas inteligências estão especialmente ao nível da terceira àrea da inteligência, a área consciente (ver as 3 grandes áreas da inteligência aqui). Que aquelas inteligências de Gardner são competências intelecto-emocionais. Mas que os códigos da inteligência são mais abrangentes, envolvendo também as outras duas grandes áreas inconscientes da Psicologia Multifocal. E que decifrar e assimilar estes códigos produz o desenvolvimento não só das inteligências múltiplas de Gardner, mas a inteligência emocional de Goleman, a busca da superação de Adler, as competências propostas por Piaget, Vigotsky e outros pensadores.


A gestão da mente

Cury diz que a nossa psique precisa de um choque de gestão, caso contrário correremos o risco de bloquear as funções psíquicas vitais.


Síndrome do Pensamento Acelerado

Diz que nada bloqueia mais a gestão do intelecto do que o Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA). Que precisamos ter consciência que não é só a qualidade negativa dos pensamentos que temos que pode comprometer a nossa saúde psíquica, mas também a quantidade de pensamentos. A hiperconstrução de pensamentos (mesmo que não sejam pensamentos perturbadores) pode gerar o SPA, que compromete uma série de códigos da inteligência, como o da concentração, o da observação, da dedução, indução, bloqueando as funções vitais do intelecto.

"Pensar com lucidez e coerência é a principal tarefa do homo sapiens, mas pensar demasiado, constitui o seu maior problema e gera um desgaste excessivo do seu córtex cerebral."

As causas do SPA são:
  1. Excesso de informação
  2. Excesso de estímulos visuais e sonoros da televisão
  3. Excesso de estímulos dos computadores, internet, jogos, etc
  4. Excesso de actividades e compromissos
  5. Competição predatória

E os seus sintomas são:
  1. Irritabilidade
  2. Flutuação Emocional
  3. Inquietação
  4. Intolerância a contrariedades
  5. Défice de concentração
  6. Esquecimento
  7. Fadiga excessiva
  8. Sono não reparador
  9. Sintomas psicossomáticos, dores de cabeça, gastrites, etc.

Chama a atenção para o desastre mental a que temos sujeitado as crianças e os adolescentes dos nossos dias:

"O excesso de estímulos e de informação é registado na sua memória através do fenómeno RAM (Registo Automático da Memória), dando origem a milhares de janelas disponíveis que são lidas por um outro fenómeno inconsciente, a que chamo Autofluxo.
Estas janelas não são killers, mas sim janelas normais de memória. O fenómeno do Autofluxo, que deveria manter um 'fluxo calmo' de pensamentos e imagens mentais no teatro psíquico, de modo a gerar uma fonte de prazer e entretenimento no homo sapiens, lê rapidamente estas janelas porque está superexcitado, produzindo um fluxo de construção a uma velocidade nunca antes vista na geração mais nova da nossa espécie."

Afirma que as crianças e adolescentes são agitados, ansiosos, insatisfeitos, não gozam o ócio, que se ficam 10 minutos sem fazer nada entram em stress. Que não gostam de estar nas escolas, não se conseguem concentrar, têm conversas paralelas, e estão sempre agitados nas aulas, não porque sejam alienados, mas porque sofrem deo SPA. Devido à SPA procuram novos estímulos que os saciem, como a ofegante procura de ar.

Mas não são só os jovens que sofrem de SPA. Quem sofre de SPA necessita uma cirurgia ao estilo de vida e não de tratamento clínico.


Digerir os estímulos stressantes

Temos que aprender a descontaminar a nossa psique, a fazer a limpeza da nossa mente, tal como sabemos que temos que fazer a nossa higiene corporal, tomar banho, escovar os dentes, etc.

Há algumas técnicas que por vezes são apontadas, aconselhadas, pela família, e pelos amigos, para proteger a nossa psique, para fazer uma higienização mental, mas que na pratica não funcionam, ou são de pouca eficácia:
  1. Tentar parar de pensar
  2. Tentar esquecer
  3. Tentar distrair-se
  4. Tentar mudar o seu pensamento

Não funcionam porque não é fácil gerir a nossa mente.

Mas há técnicas mais eficientes.
Os estímulos stressantes são provenientes de três grandes fontes todas elas relacionadas com factores genéticos:
  1. a social (envolve perdas, ofensas, rejeições, pressões, abuso sexual, ameaças, etc)
  2. a psíquica (abrange fobias, humor depressivo, angústias, ideias perturbadoras, fantasias doentias, inseguranças, timidez, etc)
  3. a orgânica

Cury diz que se aprendermos a filtrar os estímulos stressantes das duas primeiras fontes podemos podemos melhorar muito a nossa qualidade de vida ainda que a nossa carga genética possa ser propensa a desenvolver ansiedade e humor depressivo.

A fonte psíquica de estímulos stressantes tem origem em duas grandes áreas:
  1. a MUC (Memória de Uso Contínuo ou centro consciente)
  2. a ME (Memória Existencial ou centro inconsciente)
Na MUC estão as experiências arquivadas na memória de forma consciente, na qual as zonas de conflitos ali arquivadas podem levar a ruminar pensamentos pessimistas, ciumes exagerados e traumas não ultrapassados.
Na ME estão milhões de experiências arquivadas na memória de forma inconsciente, na qual as zonas de conflitos ali arquivadas podem levar a angustia, tristeza, irritabilidade, timidez, etc.

Para filtrar os estímulos é necessário desenvolver a capacidade psíquica de os digerir. Desenvolver uma espécie de "estômago psíquico", e o suco gástrico deste complexo estômago é a arte da dúvida e da crítica.

"O ser humano e as sociedades modernas em que está inserido precisam de dois grandes choques, um filosófico e um psicológico, um choque da arte da dúvida e um da arte da critica. Sem estes dois choques não há maneira de dar um choque de gestão na psique."

Para Cury a dúvida é o principio da sabedoria na filosofia. Duvidar no silêncio das nossas mentes de tudo o que nos controla, protestar, questionar, arguir, inquirir e até rebelarmo-nos contra os estímulos interiores e exteriores que nos aprisionam.
A critica é o principio da sabedoria na psicologia. No silêncio das nossas mente, criticar analisar, ponderar, aferir e impugnar todos os estímulos sociais e psíquicos que nos controlam.

Para sobreviver "saudavelmente nesta sociedade agitada e consumista é necessário desenvolver o estômago psíquico saturado de enzimas da arte da dúvida e da critica".

"O choque de gestão psíquica é um processo longo, mas fascinante."

Realça que é preciso saber-se que se não se usar o filtro da arte da dúvida e da critica nos primeiros 5 segundos em que os pensamentos e ideias mórbidas forem construídos, estes serão arquivados e já não poderão ser apagados.


O filtro das janelas light e a mesa-redonda do eu

Não é possivel esquecer ou apagar fontes interiores de traumas e outros problemas, mas é possivel reeditar a memória ou construir janelas paralelas.

As janelas paralelas são construídas com um autodiálogo, com uma mesa redonda do eu.
Uma mesa-redonda com as nossas tolices, burrices, medos e pensamentos débeis. Discutir os fundamentos e a coerência dos nossos medos, debater de forma lúcida as nossas mazelas. Fazer "uma mesa-redonda usando o cardápio da dúvida e da critica de modo a dar um choque de gestão."

Com a técnica da mesa-redonda do eu promove-se a formação de "janelas light, saudáveis, que contêm ousadia, auto-determinação, consciência critica e segurança. Estas, por sua vez abrem-se simultaneamente quando uma janela traumática ou killer se abre, dando orientações para a sua superação."

Deste modo o "eu" assume a gestão psíquica.

A mesa-redonda deve ser feita antes, durante e depois das crises.
Mas deve ser praticada especialmente quando as janelas killers estão fechadas, ou seja, antes e depois das crises. O objectivo essencial é formar janelas light que vão funcionar como um filtro na altura das crises.


O epicentro das crises - reeditar o filme do inconsciente

Mas, não é possível reeditar todo o filme do inconsciente, devemos pelo menos reeditar as zonas de conflito que mais influenciam o adoecimento psíquico, as janelas killers que causam as flutuações de humor, angustias, etc.
Para isso, devemos usar um processo diferente da construção de janelas paralelas, "devemos agir directamente no foco de tensão, no momento em que a janela killer está aberta, no epicentro da crise."

Como? Desta forma:

"no exacto momento em que uma reacção fóbica ou uma imagem mental destrutiva surgir a partir da zona de conflito aberta, o eu deve rapidamente agir, criticar, arguir, examinar, enfim, bombardear com inteligência esta zona de conflito com as mesmas questões que propus na mesa-redonda do eu."

Assim temos o que Cury chama de "Plataforma de janelas saudáveis":
  • Exterior da crise -> mesa-redonda para construir janelas paralelas
  • Durante a crise -> mesa-redonda para reeditar a janela doentia
Esta platafroma deve ser tão ampla que nos proporcione condições psíquicas e sociais para vivermos com dignidade.

Cury compara o inconsciente a uma grande metrópole, "com ruas esburacadas, mal iluminadas, com supermercados saqueados e teatros vazios". A cidade psíquica não é perfeita mas é possível reurbanizar, construindo bairros muito agradáveis.


Exercicios propostos para decifrar o código do "eu" enquanto gestor do intelecto:
  1. Mesa-redonda diária com os nossos medos, ansiedades, preocupações, angustias e estilo de vida doentio. (pelo menos 10 minutos por dia, ou várias vezes ao dia)
  2. Confrontar cada pensamento negativo através da arte da dúvida e da crítica no exacto momento em que este aparece.
  3. Aprender a conservar o nosso espaço psíquico, não permitindo que ninguém o invada sem que nós o permitamos
  4. Perguntar-se constantemente: quem sou, onde estou, o que sou, o que quero, que papel desempenho como ser humano e ser social.
  5. Cuidar da psique como a mais importante empresa, a única que não pode falir.


POSTS RELACIONADOS:



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Blog Widget by LinkWithin