Não vos venho falar do que eu estou a ler ou li, mas do que os outros lêem.
É vê-los enervados, a barafustarem, a deitarem contas à vida, porque por cada módulo têm de ler um livro, o que, ao final de um ano lectivo, perfaz o número de, pelo menos, quatro livros (ronda as 800/1000 páginas).
É vê-los enervados, a barafustarem, a deitarem contas à vida, porque por cada módulo têm de ler um livro, o que, ao final de um ano lectivo, perfaz o número de, pelo menos, quatro livros (ronda as 800/1000 páginas).
Dizem eles que detestam, abominam ler. Que tal coisa nunca lhes fora pedida. Pior, que é um absurdo pedir, para avaliação, que se leia… livros.
Estas são as reacções dos meus alunos, no início de cada ano lectivo, quando lhes digo que um dos parâmetros da avaliação é a leitura recreativa. Explico-lhes que devem pegar num livro à sua escolha e lê-lo. Somente isso, ler! Ler e preencher uma pequena ficha sobre o livro.
Para todos nós, para quem a “tarefa” de ler é um deleite e um momento sublime, será, talvez, difícil de entender a angústia que é para muita gente pegar num livro e lê-lo do início ao fim. Essa é, aliás, a angústia de muitos jovens portugueses a quem, muito raramente, se pede que leiam, por simples prazer.
No início barafustam quanto podem, mas quando chega o final dos módulos, alguns chegam felicíssimos, dizendo: “Stôra, stôra, este livro é tão fixe! Adorei. E agora vou ler este aqui. Veja, veja! Ai, ai… é tão fixe!!!” Solta-se-me uma gargalhada.
Este episódio não é filho único. Repete-se todos os anos. E é um prazer imenso ver que adolescentes de 15, 16, 17 ou 18 anos abrem, muitas vezes, pela primeira vez, um livro (sim, são eles mesmos que mo confessam!). É agradável saber que, apesar de tudo, eles até o fazem, ainda que, inicialmente, por imposição. E é extraordinário, no final, saber que lhes ficou aquele bichinho das letras e das histórias que nos maravilham.
Não me interessa que leiam Homero, Shakespeare, Camões ou Cervantes. A mim, interessa-me que cada um faça o seu percurso individual de leitura. Se é preciso começarem por livros mais infantis, pois bem, que comecem. Mas que comecem, de facto! Se esse momento de encontro com o livro nunca tiver início, dificilmente alguma vez conseguirão ler livros mais volumosos, mais complexos do ponto de vista cognitivo e literário ou mesmo pegar em revistas e jornais e terem o deleite de ler o que se passa à sua volta, de se informarem, de serem cidadãos do Mundo.
Ninguém lerá se não tiver a oportunidade de se confrontar com um livro, um só que seja que lhe encha a alma.
A minha escola não tem biblioteca. Os alunos são de fracos recursos económicos. Não gostam, nem de ler, nem de escrever. Eu empresto livros. Eles pedem-nos emprestados. Eles trocam leituras aprazíveis. É assim que se faz. E não há desculpa para não se ler. Até porque… ler é um prazer. E isso aprende-se… lendo!
E você, como aprendeu a gostar de ler?
6 comentários:
Calhei a vir ao site e dou com um texto cuja assinatura reconheci...sem a ver. Desci sobre o texto e confirmei logo.
Eu acho que o incentivo à leitura está na gama de interesses e curiosidade que se podem despertar no aluno para que este satisfaça num texto - que é uma fonte de informação - essa mesma curiosidade.
Obviamente que textos mais difíceis exigirão um maior "capacidade leitora" do aluno. Cabe aí ao aluno e ao professor desenvolver estratégias de leitura, sempre com o fito de expurgar os textos daquela informação que é útil para o aluno. Obviamente que não é este o único tipo de leitura que se deve exigir do aluno...Mas é o tal início deu que justamente falavas. Para mim é bom que se leia o Record: Mas não é tudo, felizmente o que se pode ler.
Eu aprendi a gostar de ler ao ouvir os outros lerem, ao ver os outros lerem e sobretudo a ler sozinha aquilo que eu queria ler, mesmo que nem sempre fosse adequado para a minha idade, na altura.
Realmente o prazer da leitura não é para todos...Mas no meu tempo da escola era difícil professores incentivarem a leitura, a não ser os livros que se exigiam...Temos que ler o que nos interessa para aprimorar a leitura, tomo por exemplo meu noivo ele adora o filme Harry Potter, compramos os livros a saga toda eu terminei de ler a coleção inteira no ano em que compramos que foi 2007, mas até hoje ele ainda está lendo...isso pq os livros são enormes e o filme éh bem mais rápido...mas nd se compara com os livros os filmes são muito resumidos, qdo li alguns dos livros que tinha visto primeiro o filme passei a não gostar do filme por não ser "igualzinho" ao livro...Mas aí meu noivo me surpreendeu pois ele está gostando de ler agora livros que motivam carreira profissional, e está gostando tambpem pudera os livros não são grandes alguns não chegam nem a 200 páginas, mas éh um assunto que interessa muito a ele então ele lê "brincando" taí um exemplo que temos que ler aquilo que nos interessa...Outra coisa que queria deixar aqui, éh sobre um projeto que a minha cidade tem aqui no terminal de ônibus existe o "Vai e Vem" saõ livros doados que se empresta as pessoas sem precisar dar nome mostrar documento, éh um incentivo a leitura eles confiam nas pessoas e emprestam os livros para lerem...e caso não tenha algum livro no "Vai e Vem" eles encomendam da Biblioteca Pública, achei muito bacana esse projeto pois está dando acesso aqueles que não tem como comprar os livros muitos vezes bem caros...
BjOs adorei o texto...
Infelizmente os jovens lêem pouco, principalmente aqui no Brasil, onde os investimentos em educação são escassos.
Eu amo os livros!
Às vezes encontramos uma postagem antiga que nos interessa... como é o caso desta.
Eu estou a iniciar um projecto voluntário com adolescentes, em bibliotecas escolares, como pode ver em: http://manuela-quartocrescente.blogspot.com/2010/11/com-varios-livros-debaixo-de-olho.html
Ora, nós aprendemos em conjunto. Posso perguntar-lhe que livros empresta a esses jovens?... Pode dar-me alguma sugestão?
Desejo-lhe o maior êxito no seu trabalho... e neste acto de motivar a leitura.
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