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domingo, 24 de maio de 2009

Noites Brancas - Fiódor Dostoiévski

Noites Brancas . Romance Sentimental das memórias de um sonhador.



















Lê-se numa tarde...

Narrado em quatro capítulos, correspondentes a três noites e uma manhã, é a história de um homem solitário, residente em São Petersburg. Apesar do conhecimento de toda a sua cidade, e de muitos dos costumes e hábitos de seus habitantes, e sentir esse conhecimento recíproco a sua solidão continuava a angustia-lo.
Certo dia, porém, ao voltar a São Petersburgo encontra junto ao rio uma rapariga (Nástenka) a chorar que depois de alguma indecisão acaba por ir ao seu encontro, dando início à primeira relação amigável da sua vida.
Nástenka, era uma jovem de 15 anos que vivia com sua avô cega, e para dela não fugir, vivia presa por um alfinete...
À medida que a amizade entre os dois vai crescendo, e ganhando contornos de amor, há um outro lado da história que também se percipita para acontecer que revelam a paixão de Nástenka por um antigo inquilino que voltaria um ano depois para selarem o afecto existente entre ambos.
A personagem principal se por um lado vive apaixonado por Nastenka, por outro colabora e serve de intermediário entre Nástenka e a família do antigo inquilino de forma a consumarem o acto.
Na última noite, em que a ausência de notícias perdurou, a personagem principal decide assumir o seu tremendo afecto por Nástenka, iniciando de uma forma ingénua e confusa (paixão?) a sua relação, em que dão um longo passeio e estabelecem os primeiros planos. Já a noite ia longa e ao regressar a casa, encontra à sua porta o antigo inclino, abandonando Nástenka, automaticamente o que estava a acontecer, e todos os planos que havia feito, dando então o laço (esperado) com o seu antigo inclino. Apesar de uma atitude desconsolante, acabou por ter sido o momento mais reconfortante da vida deste homem solitário. " Meu Deus! Um minuto inteiro de felicidade! Será pouco, mesmo que tenha de dar para toda a vida de um homem?... "

Algumas passagens:

"Peço-lhe desde já desculpa se vier a dizer alguma coisa que... Mas é o seguinte: não posso deixar de vir cá amanha. Sou um sonhador, tenho tão pouca vida real que momentos como este agora, tão raros na minha vida, são para repetir nos meus sonhos.
Vou sonhar consigo toda a noite, toda a semana, um ano inteiro. Amanhã tenho de vir cá sem falta, precisamente a este lugar, a esta mesma hora, e ficarei feliz só de me lembrar do dia anterior. Este lugar já me é querido."

"... há em Petersburgo uns lugarzinhos bem estranhos. Nesses recantos é como se não brilhasse o mesmo sol que arde para toda a gente em Petersburgo, mas outro qualquer, um sol novo, como que encomendado de propósito para esses sítios, um sol que alumia tudo com uma luz diferente, especial. Nesses recantos, parece viver-se uma vida muito diferente, nada comparável à vida que ferve ao nosso lado, uma vida talvez só possível no reino dos contos de fadas e não entre nós, nestes nossos tempos sisudos. Essa vida é uma mistura exacta de pura fantasia, de ideal ferveroso e, por outro lado, (infelizmente) qualquer coisa descolorida, prosaica e vulgar, para não dizer uma chateza incrível. Nesses recantos moram pessoas estranhas : os sonhadores.
O sonhador, não é uma pessoa, mas uma criatura intermédia, se quiser. Instala-se, na maioria dos casos, nalgum recanto inacessível, como se até da luz do dia se escondesse, e, logo que se mete no seu recanto fica colado a ele como um caracol, ou, pelo menos, fica muito parecido a esse bicho engraçado que é animal e casa ao mesmo tempo e que se chama tartaruga."

"Não posso acusar a minha falta de poder sobre o seu coração; é esta a minha sina."

Se calhar não fui muito sintético na análise...:|

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